Muito pouco...

O mundo dá voltas, e com ele vamos nós, pobres humanos ao sabor dos ventos do tempo... Passado, presente e futuro se fundem nos momentos mais mundanos, mais rotineiros dos dias... E durante uma conversa qualquer aos olhos do mundo, os fatos se fundem às ilusões, misto de sonho e realidade, tristeza e alegria, daqueles que vivem suspensos no espaço e no tempo de todos, perto de todos e longe de si, perto de si e longe de todos...

O mundo dá voltas, e a escrita volta como a redenção dos sentimentos escondidos por trás da vida diária... O vento que volta a soprar suspende as sensações que já pareciam esquecidas e assentadas na poeira da vida... E o mundo gira, rápido por demais e ao mesmo tempo devagar por demais, fazendo com que a memória ressuscite as lembranças que se encontravam tão bem adormecidas...

Divagações...

Gota d'água...

"Já lhe dei meu corpo

Minha alegria

Já estanquei meu sangue

Quando fervia

Olha a voz que me resta

Olha a veia que salta

Olha a gota que falta

Pro desfecho da festa

Por favor...

Deixe em paz meu coração

Que ele é um pote até aqui de mágoa

E qualquer desatenção, faça não

Pode ser a gota d'água..."

Chico Buarque (1975)

Na falta de inspiração...

"If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite."

"Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é, infinito."

P.S.: Para quem não gosta das impressões criadas pela sua própria tradução, é só marcar o espaço acima.

Impressão (1)

Será só eu ou vocês também conseguem ver a semelhança entre este post e o de baixo?

Da falta que faz...

Sinto falta das coisas menos palpáveis possíveis aos olhos da realidade...

Não sinto falta da escrita, do lápis a correr pelo papel, ou do barulhinho gostoso do bater das teclas... Sinto falta do arrepio a percorrer o corpo quando os pensamentos concatenam em uma sequência tão lógica que abstraio da impressão constante de que o mundo é um grande quebra-cabeça indecifrável.

Não sinto falta dos sons, da visão, do olfato, do gosto ou do toque, mas das sensações que fluem e transbordam da minha alma em resposta a simples comunicação entre células que chegam ao meu cerébro e fazem funcionar perfeitamente meus sentidos.

Não sinto falta de ninguém... Sinto falta das lembranças que inadvertidamente levantam-se como ressuscitadas do acúmulo de pó sob meus pés, da terra cujas entranhas receberam meus sonhos, meus gostos e meus desgostos, minhas fantasias e devaneios, minhas raízes cuja força se encontra na fragilidade de cada parte sua.

Não sinto falta do que eu era... Nem de quem vou ser, pois jamais serei capaz de me encontrar e dizer o quanto sinto saudades de quem somos...

Pensamento da semana:

"ser mandado é muito mais fácil do que mandar..."

Só espero que não continue a acreditar nisto...

Algumas considerações...

Voltar a escrever nunca é uma tarefa tão simples para mim quanto manter o processo de criação...

Então estive a pensar que não podia deixar de escrever acerca de um momento muito especial, no qual uma "maçã", uma "coruja" e uma náufraga encontraram-se pela primeira vez depois de longos meses de conversas...

Embora diante de olhares alheios isso pareça um tanto quanto irrelevante, dada a conjuntura dos fatos (afinal, era uma maçã, uma coruja e um náufrago!), e posso falar somente pela parte da viajante, tal encontro foi uma conquista de todos.

Deixei abaixo algumas fotos dos dias que permearam este encontro, e embora tenha até me ocorrido na hora registrar, como os melhores momentos da minha vida, não existe nada mais além do que impressões marcadas na minha memória...

E isso vale muito mais, mais do que uma imagem (que já vale mais que mil palavras), mas esse saudosismo saudável (pela primeira vez em muito tempo) é somente para relembrar que somos sempre capazes de ir além do que poderíamos supôr...

Para a fruta e a ave: Obrigada por terem compartilhado um dos melhores momentos dessa curtíssima existência...

(voltando) aos poucos...

Encontrei este texto de 3 de abril do ano passado, e de alguma forma ainda parece atual:

"(...)Peço desculpas, não a você, mas desculpas a mim e aos meus sonhos que foram esquecidos em algum canto escuro entre a infância e a passagem para o mundo adulto. Quem sabe um dia, quando conseguir gostar pura e simplesmente de mim, sem os anseios criados pelas falhas do mundo, e aceitar todas os reveses que tive e que um dia vou ter sem me fechar para a vida, voltaremos a nos encontrar e seremos capazes de conversar, enfim."

E de alguma forma ainda continuo nessa busca...

De volta...

... depois de 8 meses exatos (sim, eu tenho a mania de voltar as palavras nos exatos dias que eu as deixei, só que muitos meses depois...), renasce prematura:

- minha escrita (o que me permite dizer: perdoem a infantilidade das palavras que espero que estejam por vir, afinal um velho hábito, mesmo nunca deixado de lado para sempre, precisa se reacostumar com as mudanças do tempo);

- a esperança (que a cada ano surge das cinzas como uma fênix, e que pela primeira vez pude niná-la como minha criança e de mais ninguém);

- finalmente eu, puerilmente envolta em um manto de nuvens e sonhos que atravessaram os limites da minha realidade e...