O livro de cabeceira
"36.
(...)
(...)
Não dá para me enganar e escapar à constatação brutal de que não importa quanto você se mostre entusiasmada, não importa a certeza de que caráter é destino, nada é real, passado ou futuro, quando a gente fica sozinha no quarto com o relógio tiquetaqueando alto no falso brilho ilusório da luz elétrica. E se você não tem passado ou futuro, que no final das contas são os elementos que formam o presente todo, então é bem capaz de descartar a casca vazia do presente e cometer suicídio. Mas a massa fria entranhada em meu crânio raciocina e papagaia, 'Penso, logo existo' (...). Para que serve a boa aparência? Garantir segurança temporária? De que adianta o cérebro? Para dizer apenas ' Eu vivi e compreendi'?"
Julho de 1950 - Julho de 1953
Os diários de Sylvia Plath 1950-1962
4 Comments:
Sabes, está provado cientificamente que as pessoas com melhor aparência têm mais sucesso na vida. às vezes gostava de ter a capacidade de não pensar, não pensar em nada e simplesmente existir.
sei o q queres dizer, às vezes penso q quem não o faz parece viver muito mais levemente do q eu, sendo massacrada pelo peso das minhas divagações... e é uma pena ter uma constatação científica de q a aparência dita a capacidade de alguém ter sucesso ou não na vida...
Meus Amigos queridos (sim, já me são queridos e preciosos...)creio que será a capacidade de pensar, que nos permite sentir.Por vezes não pensar e não sentir com tão grande intensidade talvez tornasse o caminho momentaneamente menos penoso, mas tb anularia o bom que é o viver efectivamente. Quanto à aparência, é óbvio que ajuda, mas não creio que alguém extremamente bonito e vazio de conteúdo mantenha o interesse e cative os outros para além de um efémero momento, quando o contrário é bastante mais comum.As pessoas ricas e fascinantes são aquelas cuja essencia se sobrepõe à aparência, mesmo qd esta é, por si só,agradável. Uma pessoa extremamente bela é feita da conjugação de ambos os factores...
apple, já me perdi no meio da relação entre o pensar e o sentir, e embora saiba q a leveza de ignorar a razão não seria a solução p/ mim não deixo de constatar q existem pessoas q vagam pelo mundo sem qq interesse pelo conteúdo alheio, e de fato lhes incomoda o conteúdo q eles não querem ter em si nem nos outros... o interesse no conteúdo só vale p/ quem o tem... na verdade o texto vem contra ambos os lados, a razão e/ou a aparência pura...
Postar um comentário
<< Home