Vinte e dois...
"E cumpre-se mais uma maldição, mais uma profecia jamais dita, mas sempre presente, à espreita, esperando... Esperando o momento do seu surgimento, para brotar da terra seca e escorrer da escuridão invisível... Escorrendo como sangue seco, como suor latejante, como lágrima impura, pulsando como um coração pútrido... Pútrido e profético, pulsando como uma morte anunciada... Calada...
Anoitece mais um dia e mais uma vida, em mais uma vida. Anoitece e chove... Mas é chuva de vida, de vida que chove... Chove sonhos e eles se perdem... Se perdem na terra seca, infértil, se perdem na vida que chove, que chove porque não chora, porque é vida seca, e seca tudo ao seu redor, até a chuva, até os sonhos... Sonhos secos em uma vida infértil...
De longe escuta-se um grito abafado, grito inaudível, pois não passa de um sussurro... Um pedido... Não um qualquer, um desses de ajuda, de salvação... Pede-se a perdição... Deixar-se perder em si... Sem a pretensão de se achar assim... Perder-se e deixar-se assim... Perdido... Um pedido perdido... No meio do começo, no meio do fim, no meio do meio, do meio do todo, do meio do nada... Um grito, tão longínquo que escuta-se vindo de dentro... E de dentro, findo...
Ressoam no infinito luzes insípidas, chorosas, mudas... E daqui nada se vê... Nada se ouve... Sente-se, mas não vem do infinito... Sente-se o que nasce e morre aqui, nesse espaço fechado, aberto para o abismo, abismo do tempo, o presente passado, o passado futuro e o futuro presente... Abismo de uma única mente... Atemporal... Pesadamente finita no intervalo de uma vida... Advinda da morte... Da morte que pulsa e lateja, que chora e escorre como chuva sonhada no anoitecer da terra... Da terra que grita e se perde, que ouve e vê como luz impura no pedido da vida... Da vida que espera e brota, que abafa-se e sussurra, como sangue infinito na escuridão de dentro... E de dentro, finda..."
Anoitece mais um dia e mais uma vida, em mais uma vida. Anoitece e chove... Mas é chuva de vida, de vida que chove... Chove sonhos e eles se perdem... Se perdem na terra seca, infértil, se perdem na vida que chove, que chove porque não chora, porque é vida seca, e seca tudo ao seu redor, até a chuva, até os sonhos... Sonhos secos em uma vida infértil...
De longe escuta-se um grito abafado, grito inaudível, pois não passa de um sussurro... Um pedido... Não um qualquer, um desses de ajuda, de salvação... Pede-se a perdição... Deixar-se perder em si... Sem a pretensão de se achar assim... Perder-se e deixar-se assim... Perdido... Um pedido perdido... No meio do começo, no meio do fim, no meio do meio, do meio do todo, do meio do nada... Um grito, tão longínquo que escuta-se vindo de dentro... E de dentro, findo...
Ressoam no infinito luzes insípidas, chorosas, mudas... E daqui nada se vê... Nada se ouve... Sente-se, mas não vem do infinito... Sente-se o que nasce e morre aqui, nesse espaço fechado, aberto para o abismo, abismo do tempo, o presente passado, o passado futuro e o futuro presente... Abismo de uma única mente... Atemporal... Pesadamente finita no intervalo de uma vida... Advinda da morte... Da morte que pulsa e lateja, que chora e escorre como chuva sonhada no anoitecer da terra... Da terra que grita e se perde, que ouve e vê como luz impura no pedido da vida... Da vida que espera e brota, que abafa-se e sussurra, como sangue infinito na escuridão de dentro... E de dentro, finda..."
Em 07 de novembro de 2005.
4 Comments:
Transmite-me uma angústia grande este texto. De alguém a girar sobre si mesmo, a explodir por dentro, a rebentar literalmente,a soçobrar...numa espiral de contradições, num crescendo de angústia...
Pode não ser nada disso, mas foi o que me fez sentir...chega a sufocar...
Bjs :-)
exatamente apple, nem mais nem menos... só não consegui sintetizar isso da forma como vc acabou de fazer...
bjos pra ti!
adorei as tuas palavras. sinto.me assim especialmente em dias de aniversário..."22" é a tua idade?! lol pode parecer estupido...mas foi o que me veio à cabeça!
é um dos meus textos favoritos, embora não lembre o q me fez escrevê-lo...
ah, e 22 é a idade da loucura!
;)
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