Sinto falta das coisas menos palpáveis possíveis aos olhos da realidade...
Não sinto falta da escrita, do lápis a correr pelo papel, ou do barulhinho gostoso do bater das teclas... Sinto falta do arrepio a percorrer o corpo quando os pensamentos concatenam em uma sequência tão lógica que abstraio da impressão constante de que o mundo é um grande quebra-cabeça indecifrável.
Não sinto falta dos sons, da visão, do olfato, do gosto ou do toque, mas das sensações que fluem e transbordam da minha alma em resposta a simples comunicação entre células que chegam ao meu cerébro e fazem funcionar perfeitamente meus sentidos.
Não sinto falta de ninguém... Sinto falta das lembranças que inadvertidamente levantam-se como ressuscitadas do acúmulo de pó sob meus pés, da terra cujas entranhas receberam meus sonhos, meus gostos e meus desgostos, minhas fantasias e devaneios, minhas raízes cuja força se encontra na fragilidade de cada parte sua.
Não sinto falta do que eu era... Nem de quem vou ser, pois jamais serei capaz de me encontrar e dizer o quanto sinto saudades de quem somos...
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